25 de nov. de 2012


Eu vivo no banheiro da estação molhando a nuca quando está calor.
No meio de centenas de esperas que não são minhas mas me esquentam.
A moça que vende bilhetes é minha mãe.
O cara da catraca meu amor.
Sempre muda o cara da catraca.
Mas eles se parecem justamente porque sempre mudam e porque são apenas o cara da catraca. Meu pai vende coisas coloridas de brincar e de sujar a língua aqui em frente e as crianças se distraem e sobrevivem.
Meus amigos são os do vagão de antes e de depois.
Os mais amigos, agora, são sempre os que acabaram de chegar.
Tem gente feia, gente bonita, gente assustada, gente com sono, gente no meio de gente.
Eu só olho e tento tocar nessas sensações, mas nunca sou exatamente nenhuma delas porque há muitos anos eu não tinha tamanho para ser e assim acostumei.
Eu olho sempre pro relógio gigante que fica bem no centro do meu quarto.
E sei que todo dia ele passa, sempre às cinco da tarde.
O trem pra sempre....eu corro junto, ao lado, por um tempo, mas canso já morrendo de rir.
E fico feliz que não foi dessa vez.
E fico feliz de ter chegado perto.
Já senti como é o cheiro de dentro.
Já experimentei sentar na janelinha com ele parado.
Já me imaginei embaixo, esmagada.
Em cima, surfando antes de pegar fogo.
Sei todos os ângulos de ir, mas vivo no lugar de quem fica.
Estou na estação há tanto tempo.
E sempre tem gente chegando e indo.
E sempre tem amor e bala e dinheiro e cama e água e fins de tarde bonitos e brinquedos e catracas com a segurança de uma novidade de sempre.
Em alguns momentos fica o equilíbrio terrível de nunca ir.
Fica a dor terrível de todo mundo que foi.
Fica a ansiedade terrível de todo mundo que tem pra chegar. Agora. Agora. A cada volta de uma piscada eu tenho minha esperança renovada.
Mas nenhum desses silêncios chega perto do som que é viver ouvindo o mundo se locomovendo enquanto só tento enxergar de olhos bem abertos sem me mexer.
Estar no centro do barulho nunca foi realmente uma solidão.
A troca é tão bonita porque sorrio achando todos tão corajosos com seus ternos e pastas e pressas e chegadas e “que mais”.
E eles sorriem de volta, me achando corajosa também em ficar. E só olhar. E poder amar esse trecho de vida deles ainda mais do que eles próprios que nem se percebem em trechos.
Eu vivo na estação porque peguei carinho pelas placas e sujeiras e as faxineiras cedinho tirando os estragos do mundo na minha casa de passagem.
Acho tão bonita a sensação de estar no único lugar onde se pode estar com todos e esperar por mais um trecho de todos.
Sei que não escolho nada, não sigo com ninguém, não conheço outras idades e lugares e gastrites e ventos.
Eu sou uma estação, é isso.
Assim não dói além porque eu sei, desde o começo, que sou passagem.
Então, vão, mas logo apita de novo.
E é sempre movimentado, mesmo quando apagam as luzes e a vida dos outros descansam da minha parada.
Existe o movimento que fica atrasado no ar e durmo embalada por tanta coisa que quase parece coragem.
Até que hoje, não sei se porque enjoei dessa casa da infância, não sei se porque às vezes o amor é mesmo mais forte que mil anos de segurança.
Eu pisei tremendo na escada e o homem da catraca era tão diferente de todo mundo e, pela primeira vez, as placas e mulheres do caixa e bilhetes e pessoas e brinquedos coloridos e apitos e fins de tarde e moças da limpeza. Ninguém tentou me agarrar porque era como se o mundo dissesse “acho que são cinco da tarde e uma hora você precisa ser mulher”.
E eu pedi socorro. Eu não sei sair daqui mas quero ir com você.
Eu tenho cinco anos de idade mas quero ir com você.
Tudo me dói tanto e eu tenho tanto medo mas tudo bem, vamos lá.
Na próxima parada só me lembra que é bom eu fazer xixi e comer alguma coisa porque tô te achando tão bonito que talvez eu esqueça.

 


Não chorei, não gritei, não fiquei chateado, não bati o pé. Pra que fazer tanto barulho?

Que vá...nunca me pertenceu.

 


Não importa, eu vou te buscar do outro lado do muro, do outro lado do mundo. Toda distância é miníma perto da minha vontade de te encontrar..
.



Você me mandou embora da sua casa, do seu carro, da sua vida, da memória do seu computador, do teu celular e do coração.
Você me deletou.
E eu fiquei quietinha, te esperando, rezando pra você ver que amor maior não tem.




Nenhuma palavra dita fará com que você me compreenda, se verdadeiramente não souber ler o que transpareço. Portanto, nada de deduções. Sou um filme sem legenda, só quem fala minha língua consegue me entender.





Eu gosto de quem facilita as coisas.
De quem aponta caminhos ao invés de propor emboscadas.
Eu sou feliz ao lado de pessoas que vivem sem códigos, que estão disponíveis sem exigir que você decifre nada.
O que me faz feliz é leve e, mesmo que o tempo leve, continua dentro de mim.

Eu quero andar de mãos dadas com quem sabe que entrelaçar os dedos é mais do que um simples ato que mantém mãos unidas.
É uma forma de trocar energia, de dizer: você não se enganou, eu estou aqui.
Porque por mais que os obstáculos nos desafiem o que realmente permanece, costuma vir de quem não tem medo de ficar...

.Fernanda Gaona.

14 de nov. de 2012


 
QUALQUER MÚSICA QUE OUÇO....
ME LEVA ATÉ VC...
 
 

Porque você não sabe, mas tenho corrido maratonas e vencido monstros gigantescos para conseguir sentir tudo isso sem arrancar minha cabeça fora.
E quando você, ao invés de me esperar no pódio de chegada com pomadas e isotônicos, me olha desconfiado ou entediado de tudo, eu quase desejo que dessa vez eu morra no meio da corrida.
Porque é ridículo achar que você faz tudo valer a pena, mas, no fundo, acabo achando que você faz tudo valer a pena.
Isso é vida?

13 de nov. de 2012




...Tento fugir para longe e a cada noite, como uma criança temendo pecados, punições de anjos vingadores com espadas flamejantes, prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo, e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença, veneno veneno, às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses. 

Eu quero mesmo é alguém que faça meu corpo querer companhia nos momentos em que minha mente insiste pela solidão.


.Caio Fernando Abreu.

 


Somos o que ninguém mais entende, o que ninguém mais pode ser, somos simples, completos e complexos.
Somos aquela frase que envergonha, e se fica sem graça e se diz idiota, somos implicância, brigas, beijos, mordidas e no fim somos bom senso, consenso, falta de senso.
Somos a briga que acaba em risos, somos a confusão onde tudo se ajeita e somos o acerto onde tudo parecia tão errado.
Quem vê de fora pensa que somos um erro onde tudo parecia certo, afinal somos estranhos, somos os dois lados da cura, somos faces de um problema, somos dois lados de uma equação e a solução já conhecemos, eu e você só pode ser igual a nós, somos elogios sinceros seguidos de comentários idiotas do tipo “eu sei”.
Somos o que ninguém mais consegue perceber, somos o quem podemos ser, somos o que queremos ser, sou pra você enquanto você é pra mim, somos um para o outro na proporção exata do amor.
 
 
 



Vc poderia ter sido mais....mais forte, mais verdadeiro, mais intenso, mais bonito, mais inteligente, mas não...preferiu ser só mais um.


10 de nov. de 2012



“Cansei de caçar seus verbos soltos, escudos de quem acha que tem o gênio indomável sabendo que não passa de um daqueles que enguiçam a raça humana.
Se quiser vir, que seja sem esse egoísmo tão “século-vinte-um” de trilhar caminhos pela metade, escapar pelos canteiros e me deixar falando pelos cantos.
Se for pra calar minha boca, vem.
Se for pra reescrever minha vida, vem.
Mas que seja à caneta.”

6 de nov. de 2012


Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia numa rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim? É tão pouco.
Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra.
Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”.
E te espero... E te gosto... Muito...




Porque a vida segue.
Mas o que foi bonito fica com toda a força.
Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga.
E a gente lembra....e já não dói mais...mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás...



Eu duvido!

Duvido que você não chame meu nome quando você sente falta de alguém, duvido que não sinta falta do meu carinho sempre tão sincero, falta de me contar como foi seu dia, as histórias da sua vida que sempre foram pra mim melhor do que qualquer novela.
Duvido que você não me procure nas biscates que você pega por aí, sempre tão vazias. Vazias igual a sua liberdade idiota que nunca te serviu pra porra nenhuma. Talvez esse seja o nosso problema, eu sou completa demais pra sua vidinha mais ou menos.
Eu sinto, eu penso, eu falo, eu te conheço, isso te assusta né?  “Tô invadindo seu espaço? Desculpa.” 
Essa fui eu, durante todo esse tempo, me desculpando por que mesmo? Me diminui pra você ficar maior, pra você não me perceber entrando na sua vida.
Se você pudesse sentir o quanto isso dói, você quem iria se desculpar.
Eu queria ligar pra você e te falar sem pausas tudo que eu ensaio toda vez que você me magoa, mas nunca digo pra não te magoar, afinal você não me faz mal por mal, e talvez esse seja o pior mal que se possa fazer a alguém, tão natural.
Bobagem, como se algum ensaio no mundo fosse me deixar firme depois do seu ‘alô’.
Então é isso, tô te escrevendo! Sempre fui mais segura com as palavras.
Tô te escrevendo pra talvez um dia te enviar, mas tô escrevendo.
E não é sobre você dessa vez, é sobre mim...sobre o quanto eu sou boa, igual a mim tá difícil, meu bem! Sobre como eu não preciso usar cinco centímetros de saia e um decote no umbigo pra ser mulher.
Sobre como, ainda assim, só eu sei fazer de você um homem. Sobre muitas coisas, mas principalmente, sobre com quantos caras eu poderia estar saindo nesse exato minuto. Não é com você, é comigo sabe?
Eu vejo em você uma pessoa que você não chega nem perto de ser.
Acho legal você brincar com a sorte… só queria te dar um conselho, em nome da nossa amizade e meu carinho por você, tira uma mão da liberdade e segura um terço. Fica assim, agarrado nas duas coisas, sabe? E reza, reza muito pra não aparecer ninguém que mexa comigo enquanto você fica brincando de não saber o que quer. Porque eu sou amor, e ainda que não seja o seu, essa é a minha essência.
E você não deve acreditar muito nessa ideia, pelas tantas vezes que eu quase fui, mas um dia eu vou… sempre foi assim! Mas deixa eu te contar um segredo: se eu for, eu não volto.
 
 

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Tati Bernardi.



Disse pra mim...nenhum pio.
Não vou falar nada.
Já que sou tão imprópria, inadequada, boba. Já que nunca basto e se tento me excedo. Já que não sei o que deveria ou exagero em querer saber o que não devo.
Nunca entendo exatamente, nunca chego lá, nunca sou verdadeiramente aceita pela exigência propositalmente inalcançável. Meu riso incomoda. Meu choro mais ainda. Minha ajuda é pouca. Meu carinho é pena. Meu dengo é cobrança. Minha saudade é prisão. Minha preocupação chatice. Minha insegurança problema meu. Meu amor é demais. Minha agressividade insuportável. Meus elogios causam solidão. Minhas constatações boas matam o amor....As ruins matam o resto todo....