10 de jun. de 2011

Considerando que nenhuma ‘brincadeira’ é inventada por acaso, certamente o comportamento masculino deixa brechas a ponto de inspirar tal comparação.
Entretanto, engolir crenças generalizantes como verdade absoluta já seria perder a chance de enxergar o todo.
Homens e mulheres amam de modo diferente, sim. Certos e errados, não! Vamos falar sério: a verdade é que cada um puxa a sardinha para seu lado, justificando seus comportamentos e tentando convencer a quem quer que seja de que é o ‘certo’, como se o outro, por conseqüência, fosse o ‘errado’.
As mulheres dizem que os homens são insensíveis. Os homens dizem que elas são sentimentais demais. Elas argumentam que eles são frios e racionais. Eles, que elas choram e reclamam à toa.
Estranha relação esta que deveria ser harmoniosa e, muitas vezes, se transforma numa guerra. Como se fossem rivais, homens e mulheres tentam defender sua bandeira,conforme apontam e criticam o comportamento do outro.
Ainda que haja muito de proveitoso e estimulante nesta constante argumentação, temos de cuidar para que as diferenças não se tornem motivos para cada um perder a sua essência e suas particularidades tão necessárias nas relações.
Enquanto apostarmos que um seja melhor do que o outro, estaremos seguramente perdendo uma fatia preciosa deste contexto. Não precisamos do masculino ou do feminino, precisamos dos dois. Um simplesmente sucumbiria sem a presença do outro.
Portanto, não é por vitória que devemos lutar e nem por igualdade entre eles, mas por uma convivência respeitosa, assumindo as necessárias diferenças e aprendendo a interpretá-las como fundamentais no processo de amadurecimento, tanto social quanto pessoal.
Um é mais objetivo e o outro é mais subjetivo. Um é mais racional e o outro é mais emocional. Um é mais calado e o outro é mais falante. Um é mais generalista e o outro é mais detalhista. E num encontro mágico, ambos podem e devem se complementar, levando para o mundo do outro uma porção do que lhe fica mais adormecido.
Mas na tentativa de corresponder às regras sociais (muitas vezes rígidas e hipócritas), vamos nos moldando em comportamentos mutilados, ignorando pedaços importantes do todo, que poderiam nos proporcionar mais equilíbrio.
O prejuízo tem sido grande, porque mais do que nos beneficiar com as características valiosas de cada um, temos desperdiçado energia demais travando uma luta insana e absolutamente desnecessária na tentativa de nos igualar. E quanto mais tentamos, maior tem sido o desastre causado.
 
Que deixemos, enfim, de brigar por uma igualdade que mais nos desvaloriza do que enobrece. Que passemos a assumir nossas maravilhosas e caras diferenças e atuemos decididamente a partir de nossa essência - masculina e feminina - preciosa, sublime. E que façamos isso, sobretudo, no exercício de amar.
 
Não foram poucas as vezes em que presenciei conversas entre casais onde tudo o que bastaria para um ‘final feliz’ seria um outro modo de se dizer as coisas... Inclusive comigo mesma, que sou uma auditiva assumida (todos nós temos uma predominância entre ser mais ‘auditivo’, mais ‘sinestésico’ ou mais ‘visual’), sei que diferentes sentimentos e percepções podem aflorar em mim dependendo da forma como cada verdade me é dita e, claro (!), com que maturidade eu me disponho a interpretá-las!
Quanto às verdades – penso que devemos, antes, ponderar sobre duas questões. A primeira é o quanto estamos, em cada fase do nosso amadurecimento, preparados para ouvi-las – e isso significa que algumas vezes é melhor não desejar obter uma informação com a qual não saberíamos o que fazer. E a segunda é que precisamos aprender a usar as verdades para crescer e nos tornar mais confiáveis ao Outro e não para arquitetar acusações deliberadas e inúteis.
Portanto, em vez de distorcer as palavras ou economizar os sentimentos, o que serviria apenas para aumentar o número de relações rasas e inconsistentes e colaborar para aprofundar os buracos internos das pessoas que passam pelas nossas vidas, creio que esteja na hora de aprendermos a usufruir melhor da comunicação.
Note: quando duas pessoas que se gostam estão em sintonia, interessadas em realmente se entender, geralmente falam baixinho, muito proximamente uma da outra; porque, afinal, o objetivo é ficar bem. Entretanto, quando não estão em sintonia, ainda que se gostem, alteram o tom, aumentam o volume e perdem a noção do que estão dizendo. E pior do que isso: o que uma diz é, muito recorrentemente, interpretado equivocadamente pela outra.
Suponho que mais produtivo do que nos escondermos atrás de omissões ou vender uma imagem que não corresponde com a nossa essência, seria apostar mais no acolhimento das diferenças, na percepção dos limites e na coerência entre o que se diz, o que se sente e o que se faz - tanto em relação a nós mesmos quanto em relação ao Outro.
Por fim, quando a gente fala com o intuito de resolver e crescer, termina descobrindo que palavras são apenas palavras, muitas vezes traiçoeiras, mas que as entrelinhas estão sempre carregadas de desejos, sentimentos, intenções e verdades que só podem ser ouvidos com o coração. Esta é a idéia: uma troca íntima entre dois corações... para que todo o resto possa fazer sentido e valer a pena!


Nenhum comentário:

Postar um comentário